Mais de 120 mil portugueses sofrem de fibrilhação auricular

21 04 2010

 

Um estudo do Instituto Português do Ritmo Cardíaco (IPRC) revela que 2,5 por cento dos portugueses com mais de 40 anos sofrem de fibrilhação auricular (FA), o que permite concluir que 121.825 portugueses sofrem desta arritmia cardíaca.

Em declarações à agência Lusa, Daniel Bonhorst, presidente do IPRC, realçou a importância do estudo sobre FA, porque se trata de uma arritmia “muito frequente”, que duplica o risco de mortalidade e aumenta significativamente a hipótese de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O estudo, efetuado juntamente com a Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Electrofisiologia (APAPE) e considerado inédito em Portugal por Daniel Bonhorst, verificou que 38 por cento dos inquiridos com fibrilhação auricular não estavam diagnosticados.

O estudo revelou, também, que a prevalência da FA é muito superior na população com mais de 70 anos (6,6 por cento) e ainda maior em pessoas com mais de 80 anos (10,4 por cento).

Segundo Daniel Bonhorst, o estudo centrou-se em portugueses, de ambos os sexos, com mais de 40 anos, porque abaixo desta idade “é muito pouco frequente” este tipo de arritmia cardíaca.

As 10.447 pessoas analisadas são residentes em 70 localidades de Portugal continental e ilhas, escolhidas de forma aleatória.

Com o objetivo de melhorar a prevenção, deteção e controlo deste distúrbio do ritmo cardíaco, vários técnicos de saúde deslocaram-se, entre junho e setembro de 2009, às habitações dos portugueses, tendo elaborado um questionário e realizado um electrocardiograma no domicílio.

Apesar de a fibrilhação auricular ser a arritmia mais frequente, o estudo mostrou que, dos portugueses com FA, só 62 por cento estavam previamente diagnosticados e, destes, só 74 por cento faziam medicação.

“Há, por outro lado, uma prevalência superior de patologias como a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), diabetes, hipertensão e dislipidemia nos indivíduos com FA, em comparação com a amostra global”, refere uma súmula do estudo, que vai ser apresentado hoje em Lisboa.

Daniel Bonhorst realçou que esta arritmia surge associada à idade, tendo o estudo demonstrado também que existe alguma relação com a obesidade, hipertensão arterial e falta de exercício físico, como principais fatores de risco.

Paralelamente, só uma “percentagem menor” das pessoas com FA praticava “algum tipo de actividade” física, o que, segundo o presidente do IPRC, permite estabelecer conexões entre a FA e a ausência de exercício físico.

Os resultados do estudo pretendem ser um “importante contributo para a inversão desta realidade e servir de alerta para os decisores políticos e classe médica delinearem estratégias para melhorar os níveis de deteção e controlo deste distúrbio cardíaco”.

A FA caracteriza-se pela contração rápida e descoordenada das câmaras superiores do coração (aurículas), conduzindo a batimentos cardíacos rápidos e irregulares. A frequência cardíaca encontra-se normalmente entre os 60 e 100 batimentos/minuto, enquanto na FA é em geral mais rápida, podendo atingir entre 100 e 175 pulsações/minuto.

Quem sofre de FA deve evitar bebidas alcoólicas em excesso, tabagismo, sedentarismo, excesso de peso e stress, para além de seguir as recomendações do médico. 

Notícia publicada 21-04-2010 em Sic.pt  – Lusa